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26 de mai. de 2014

De repente, 30 - S03

Semana 3 – Simbologias e ícones da deidade


Khepera

Scarabaeus sacer, o nome científico do escaravelho, o animal associado com Khepera. Negros como a noite, fortes como touros (guardadas as devidas proporções). Rolam incansáveis suas bolas de esterco e delas, dão continuidade à vida, de onde surgem, se autocriando.
Vida, ligada diretamente ao sol nascente, o poder que se renova a cada dia. Assim, Khepera,  é o deus-sol-besouro, representado como um homem com um besouro no lugar da cabeça ou um homem com um besouro sobre a cabeça. O besouro, seu símbolo, era usado como selo, enfeite, amuleto... Totalmente trend desde muito antes de Cristo até agora.

                                                             Set
O javali, o hipopótamo, o porco e o asno são, tradicionalmente, animais associados a Set. Entretanto, não há consenso sobre que animal é o que representa o deus Vermelho.Também chamado de Sha, pode ser uma figura quase mítica: um animal com cauda bifurcada, corpo de chacal e orelhas pontudas. Não se sabe ao certo se é um animal extinto, não compreendido ou inventado, mas recentemente rolou o anúncio de que este animal seria um Aardvark (será?).
Set é representado por um homem com a cabeça do animal Sha, carregando o bastão Was.


18 de mai. de 2014

De repente, 30 - S02 E02

Set

A gente começa a ler sobre Egito, invariavelmente vem a história de Wesir e Seth e como Seth é mau e matou o irmão e perseguiu a esposa e tentou matar o herdeiro e usurpar o trono e ele é uma serpente-monstro e zás e zás. 
Passei um bom tempo nessa, mas sempre meio intrigada. Depois, quando estava me aventurando nas "artes negras" ( música sinistra ao fundo), descobri sobre o Templo de Seth e como Seth era muito, muito malzão mesmo. E aí, como certa vez eu ouvi de alguém muito sábia e querida, "o mal tem belos olhos". 
Olhei. E lasquei-me! Eu queria saber mais, mas ao mesmo tempo, ficava receosa. Aí fui espiando daqui e dali, assim meio de longe pra garantir a segurança.
Aí curso de iniciantes da HON. Papos e madrugadas com meus colegas de curso, estudos e práticas. Uma noite, tive o sonho mais incrível e realístico de todos os tempos, com um deserto, um ritual e uma tempestade de areia. Alguém gritava "Set!" e eu acordei, tremendo,encharcada de suor, fervendo e com o coração parecendo que tinha corrido uma maratona. 
Ingenuidade pouca é bobagem...  minha corrida com Set estava só começando. 



14 de mai. de 2014

De repente, 30 - S02 E01

Semana 2 – Quando você descobriu a existência dessa deidade? O primeiro contato.

Khepera

    Ah, eu gosto de besouros. 
   Onde eu morava, tinha um playground e toda hora passavam os besouros, escaravelhos negros como a noite, caminhando pra lá e pra cá. Tinha gente que judiava, outros fugiam de pavor - já eu ficava maravilhada com eles bamboleando com sua pernas compridas. Muitos eu ajudei a desvirar, emborcados naquela profusão de patas sem sair do lugar. 
    Eu sempre gostei de besouros.
   Quando eu via nos livros, páginas de besouros, lindos e preciosos como jóias - verdes, azuis, dourados, vermelhos... Aquilo era o máximo! Queria todos eles, não para colecionar, mas porque eles tinham toda minha atenção. 
   Aí a gente cresce e aprende na escola sobre o Egito. Suprise, surprise! Os egípcios usavam o escaravelho como selo real, como talismã e inclusive tinham um deus que era um escaravelho!  Era demais!
     Daí a pessoa lê livro daqui, espia dali, rouba de lá - e quem diz que nunca rasgou uma página de revista ou folha de jornal com algo que gostou, está mentindo feio - com o que conseguia encontrar sobre o assunto, de Egito e claro, do escaravelho, do deus aquele, como era o nome mesmo? Khepera. 
    Ah, eu amo o sol. Fico triste sem ele, fico irritada em dias frios, não posso ficar sem espiar pra ele de manhã. O sol me faz sorrir, me deixa seu abraço durante o dia - e, como astro rei, tem seus momentos de surto e me queima, mas eu nunca liguei pra isso.
     Eu sempre gostei do sol.
    Os anos passam, aí a gente estuda mais e pratica e lê. E...parece que ainda assim algo faltava. Não, o deus besouro não falava comigo. Era diferente. 
     Ninguém me saudou ao ar livre, enquanto eu corria por aí molecando no meio de árvores num dia de verão. Não foi com voz, mas sim com sentimento que Ele me falou e aí meu coração ouviu. Sim, sim. 

 Besouros. 
 Sol. 
 Khepera.  



12 de mai. de 2014

De repente, 30 - S01 E02

1 - Uma introdução básica sobre a deidade
Khepera

    Quando se pensa em Egito, se pensa em pirâmides, deserto, rio Nilo e é claro, no sol. 
    São sempre as imagens do sol a brilhar, beijando as águas do Nilo ou enfeitando as dunas de dourado.     Não há Egito sem sol, e Khepera é o sol.
    Ele é o sol criador e doador de vida. É o abraço cálido, o calor energizante, a luz que nos faz sorrir depois da noite que findou. 
    Khepera é um demiurgo, a força criadora primordial que emergiu das águas de Nun e iniciou a criação - começando por sua própria.
Sua origem se perdeu nas areias do tempo (até porque se existe o tempo, foi porque ele o criou - é, um paradoxo), e, junto com o falcão, constitui-se na deidade de culto mais antigo no Egito. 

6 de mai. de 2014

De repente, 30

Aí a ideia é fazer 30 postagens semanais sobre uma deidade. Escolhi falar de duas, já que tenho dois Pais Divinos, Set e Khepera.  :)

1- Uma introdução básica sobre a deidade
Set

    Pensar em Set por si só já é polêmico. Tradicionalmente Ele é retratado como assassino, usurpador, invejoso, estéril, cruel, impiedoso, e tantas outros títulos feios. Seu nome tornou-se sinônimo de destruição, monstruosidade e até demônio acabou virando. Bom, enquanto escrevo, sinto a presença Dele bem próxima - indiscutível e única - e ouso ainda dizer que boa parte dos títulos me vieram à lembrança por sugestão dele, inclusive. 
    Não, não virei esquisotérica daquelas que pensa que um raio de sol refletido na parede já é uma mensagem de Rá, mas ter contato com os deuses é parte essencial da minha religiosidade. E Set, em sendo um dos meus Pais Divinos, não ficaria fora dessa prática.   
    Ele é o terceiro dos filhos de Geb e Nut. Ou seja, temos Wesir como primeiro na linha de sucessão real, aí vem Heru-wer e por fim, Set. Todas as obrigações e cerimônias recaem para Wesir, como futuro rei. Heru-wer é o próximo, caso a algo aconteça, e assim seu foco está em explorar, lutar e guerrear pelo mundo a fim de tornar-se mais forte. E aí temos Set, cheio de poderes, repleto de energia e longe das burocracias da realeza.  
    Ora, convenhamos,  vamos fazer um exercício: você é um deus, com terras,  pessoas que te adoram e não tem que ficar preso a nenhuma convenção de nada, por que não... causar um pouco? E assim é. Set é a tempestade de areia, o mar revolto, o relâmpago que incendeia árvores. É o tornado que derruba cidades, o caminhão de cerveja que tomba, a pasta que caiu no chão e espalha relatórios. São todas as forças incontroláveis e inevitáveis que transformam drasticamente o que quer que toquem.   
    Ele ri, uma risada rouca que mais parece um rosnado, muitas vezes no meio destas situações. Não é um deus louco ou mórbido, tampouco cruel. É apenas aquele que faz o que deve ser feito, não importa o que vá acontecer com ele, e assim um novo cenário possa se configurar: a cidade é novamente construída e fica mais eficiente, a estrada fica mais segura depois do acidente (e uma galera ainda pega cerveja grátis!), os relatórios tem que ser refeitos de um modo melhor. Voltemos ao exercício: como não rir se a galera pegou cerveja grátis, agora está fazendo uma festa e isso tudo por algo que você, que é o deus, fez?
    Você sorriu, né? É. Bem vindo ao lado B de Kemet.